segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Plantão de notícias

Neste domingo os moradores da Boca do Rio saíram de sua rotina. O casal identificado simplesmente como João e Rosa foi assassinado ao sair da roda gigante onde divertiam em, ao que parecia ser, um simples domingo de sol no parque.
Testemunhas afirmam que tudo ocorrera muito rápido e que a vítima mal teve tempo de se livrar do sorvete para esboçar qualquer tipo de reação frente ao ataque.
João, a outra vítima, foi reconhecido imediatamente por um colega de trabalho da construção civil; e de acordo com o próprio não era de freqüentar o parque, e que apesar de ser um exímio lutador de capoeira, também não teve tempo para reagir.
Ainda segundo o pedreiro, A vítima era “chegada” a uma confusão. O que o fez acreditar, inclusive, que o amigo estava sofrendo alguma espécie de vingança ou retaliação.
- “O homem era brabo demais e o que mais tinha era gente a fim de dar fim nele”.
Mas a grande surpresa do caso diz respeito ao autor do crime, que a polícia diz se tratar de um feirante, assíduo freqüentador do parque conhecido como José, que os funcionários do parque afirmam ser de temperamento alegre e brincalhão.
De acordo com o policial que primeiro chegou ao local do crime para atender ao chamado e ouvir a população, José parecia, de acordo com testemunhas, estar transtornado não agindo como um assassino com um plano em mente. Seus gestos pareciam exagerados e olhava de um lado pra o outro como se algo “rodasse em sua frente”.
A polícia não descarta a hipótese de crime passional, e faz um alerta: os moradores desta região cultivam o hábito de andar armados com facas. O que pode parecer um simples adereço para pessoas ditas pacatas, pode ser fatal em uma situação de descontrole.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Sobre cultos e cultura

Certa vez, ouvi que determinada música era linda, por remeter a uma menina cuja tristeza comoveu o compositor e o inspirou a escrever. Quando disse que não havia gostado da música por achar chata uma repetição de frases desconexas, eu tive a explicação: é por que você não conhece a história da menina.
Mas e aí, como fica? A história devia estar lá. Em narrativa ou em metáfora, ela devia estar lá. Voltei a escutar a música tentando perceber o que se colocava para mim e eu não via. De fato: a história triste da menina não estava lá. Para gostar da música, eu deveria ter um pré-requisito, um conhecimento prévio ou uma chave de acesso qualquer.
A arte tem destas coisas, permite seus admiradores se valerem de uma permissividade provocada por uma dose de subjetividade do artista para se atribuir valores que só são percebidos por entendidos conhecedores de histórias ou teorias que deveriam, somente, estar a serviço da criação. Estes processos criativos, em hipótese alguma, deveriam ser confundidas com a mensagem final.
Os amantes das diversas manifestações artísticas se utilizam deste artifício, muitas vezes, para se fecharem inconscientemente (ou não) em grupos que lhe permitam o maior senso de exclusividade possível.
O enaltecimento da técnica ou do contexto não deveria ser mais relevante do que o resultado final da obra, posto que o objetivo da arte é ser sensorial e, por si só, deve ser entendida pelo grande público. E ao grande público deve ser dirigida a obra (mesmo que esta não seja aceita por um grande público).
Ainda que as poesias, as músicas e as demais expressões artísticas façam menção a elementos externos, sejam eles fatos históricos ou alusivos à manifestações culturais; esteticamente, os valores devem estar presentes na própria obra e a linguagem a qual esta se propõe, devendo ser completa de sentido em si mesma.
Conceber uma manifestação artística que necessite de conhecimento prévio para sua compreensão seria como se os médicos se dedicassem a cuidar somente de seus pares e mecânicos viessem a se dedicar aos equipamentos de seus colegas.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Bem aventurados os que amam o futebol. Bem aventurados os que puderam acompanhar a mágica conquista do fluminense footbal club, deste inacreditável campeonato brasileiro de 2010. Um campeonato onde tão dignos, em suas lutas, foram os postulantes. Cada um à sua maneira fazia o brilho deste certame combinar tão bem com uma virtude sua, ou momento especial em que aparentou ser o maior.
Os adversários lutavam não por um título. Lutavam pelo título que de alguma forma seria único, seria capaz de, não só entrar em sua história, mas mudar seu rumo. Botafogo e cruzeiro esperavam na glória derradeira a honra dos desacreditados e das incríveis viradas. O Corinthians era o dono da festa, e por ter sido dono de outras festas estragadas neste ano, não podia deixar passar em branco o aniversário de uma nação.
Mas o fluminense... O fluminense foi mais que um time. Como sempre o foi. O fluminense é a personificação da tradição, a união perfeita entre a alma do futebol, da paixão da admiração e devoção mais que absoluta e incondicional.
O fluminense é algo transcendente capaz de ser nobre na derrota e despertar o amor sem aquela humilhante piedade. O amor puro de quem sabe que a derrota não lhe cabe. E quando ocorre, só fará renascer a alma guerreira do time. Do time não: da entidade chamada fluminense.
O Torcedor do Tricolor das Laranjeiras tem a companhia de todas as criaturas apaixonadas pelo futebol, que mesmo identificados com outras cores que reconhecem no pavilhão verde branco e grená aquilo que falta a todos: a magia de uma tradição perpétua sem começo nem fim, que não pode ter começado em 1902, pois se constituiu quando se associou ao fluminense, a nobreza do espírito competitivo e leal do esporte, a superação, a perfeição estética e outros valores que, de tão humanos e perenes, são desprovidos de começo e fim. Tal qual a mística tricolor.
O fluminense foi capaz de transcender o valor do torneio. O campeonato brasileiro não se tratou de simples jogos ou acúmulo de pontos.
O campeonato brasileiro de 2010 foi a continuação de uma narrativa mitológica que começou a ser construído em 2007 com parte da formalização da maestria tricolor representado pela copa do brasil.
No ano seguinte o mundo pode acompanhar a maior saga esportiva de todos os tempos sendo contada com um final dramático que só nos correspondeu na grandeza da luta. A cada superação proporcionada naquela libertadores, aqueles que ainda não haviam entendido foram percebendo o que era o fluminense. Sabendo que pelos gramados desfilavam mais que três cores e alguns atletas; sendo concebido por um breve momento, a todos, o significado de TRADIÇÃO. Pena, os deuses do futebol terem planos tão egoístas para sua própria história. Para sagrarem-se impiedosos e imprevisíveis criadores de dramas, permitiu-se a espoliação da justiça e da glória em uma sordidez cruel; que ao menos nos permitiu a certeza: fomos os melhores.
O torcedor do fluminense, em sua indisfarçada fidalguia, sempre soube a importância de seu time no cenário nacional, mas foi preciso que o destino fizesse justiça e apresentasse o fluminense a todos, em uma forma a todos compreensível.
Isso mesmo: no dia 5 de dezembro de 2010, o destino fez justiça com a torcida tricolor e com o futebol

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O que é a pós modernidade?

Minha esposa me pediu o sabão em pó. Ao que respondi: só tem amaciante.
Ela respondeu: é este mesmo. Sabão em pó liquido.

Hã?

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Brasil X Holanda

O Brasil optou pela eficiência. Apesar de triste, poderia ser uma escolha coerente, como almeja ser o técnico Dunga.
Em termos de escolha, o oposto da eficiência seria o inusitado. Optar pelo inusitado seria optar por um desconhecido Ganso, ou optar como optou uma inusitada Argentina com seu Maradona e seus surpreendentes seis atacantes. Inusitado seria uma seleção com cara de família que assistiria vídeos com clipes da torcida Brasileira (família Scolari). Uma seleção inusitada usaria o segredo dos treinos secretos para abrir ao mundo uma caixa de surpresas que desnorteasse a defesa adversária.
Dunga optou pela eficiência. Mas, quando, o inusitado falha a idéia não morre. Ficam as jogadas e as reações. “O inusitado” é a escolha que faz as coisas mudarem. Planta idéias e refaz conceitos. Ao eficiente só cabe a experiência. A eficiência depende do passado e só a ele se reporta quando precisa saber o que fazer. E se falha o eficiente... Bom. Se o eficiente falha vira passado. Vira a experiência negativa para os eficientes do futuro estudarem.
A quem escolhe a eficiência, só um resultado cabe: a vitória. Só a vitória dá a quem escolheu este caminho o futuro, a memória. Quem escolheu o caminho do futebol inusitado, anti-eficiente (e eficiente no resultado final) faz sempre mais para o futebol, como faz para tudo.
A derrota dói para os dois. Mas os eficientes sentem mais. Sentem mais, por não conseguirem dar sentido real à sua proposta. Vejamos o Brasil:
Havia uma defesa eficiente... Falhou;
Criou um ambiente de total concentração sem sexo ou vinho. Um foco máximo que... Falhou quando mais precisaram estar concentrados.
O melhor jogador prendeu demais a bola e... Falhou.
A eficiência do programável meio de campo não soube o que fazer quando se viu desfalcado de duas peças.
A coerência traiu Dunga, um eficiente cabeça de área e um eficiente técnico (talvez este tenha sido seu pecado).
Para nossa sorte (aqueles para quem a copa não é pano de fundo para a seleção brasileira) existe a Argentina, o ressuscitado Uruguai e a eterna e Amsterdã...

domingo, 27 de junho de 2010

desviver

Desviver.

(Felipe Valente de Matos)

Queria ser um poeta ácido

Destes que a acidez se refaz em requinte e verso

Queria ser um poeta duro

Que de tão rijo nem sente nem mente que sente

Queria ser um poeta revolucionário

E da revolução dos versos, mais versos e mais revolução

Queria ser um poeta ardente

Sensual em rimas despropositadas e quentes

Em fim, poderia ser até um poeta irônico

Onde a palavra se faz mais que palavra e menos que ideia (séria)

Mas a acidez se foi quando o homem ficou surdo

A dureza não é mais elegante onde é geral

A revolução é o caminho mais curto ao retorno

A sensualidade não se faz... se compra

E a ironia...

(Nada tendo de mais irônico que a própria vida)

Mataram-na. Afogaram a pobre na ridícula e má ironia do viver.

Ao que parece, não existe mais poesia no mundo

Ou parece não existir mais mundo para a poesia.

sábado, 8 de maio de 2010

Só calado posso sentir...

Sorrindo só,

Vejo que sou sereno em mim

Calado me vendo por dentro,

Tenho a beleza do encantar de um aprendiz

Calado, sinto que sei voar

Sinto que posso ser atrevido

E só voar quando quiser

Pois minha vida é o vazio de minha alma

Calado e sorrindo sou sagaz, valente e posso voar

Meu sorriso encantaria as multidões.

Com minha voz, guiaria gerações

Perseguiria vilões

Conquistaria a mais bela dentre as mais belas

Seria pleno senhor da verdade e da justiça

Voaria nos flancos e seria a própria trincheira

Quando trincheira, preciso fosse

Só calado, seria conhecedor das flores e das florestas.

Pois minha vida é vazia em minha alma.

De olhos fechados o mundo se torna belo

Pois tudo que é belo em silêncio é oração

E ainda que magnífica seja a vida,

Ainda que vivendo me torne esplêndido,

Em silêncio serei mais

Pois só em mim,

E em nada além de mim

Posso existir de fato