sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Amor possível
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
muda alma muda
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Despedida onde não se pensa
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
O Julgamento de Capitu
sábado, 23 de julho de 2011
Amor em três atos-palavra
Sobrepondo o humano que deseja.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
cidade concreto
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Todo verso
quarta-feira, 20 de julho de 2011
olhos de ser
sábado, 16 de julho de 2011
O poema que não foi
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Identidade
ARQUITETURA DA DESTRUIÇÃO (resenha)
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Imagem poética ou poética da imagem
domingo, 10 de julho de 2011
O quadro
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Socorro!
A verdade poética de Catarina
Com o mundo aos olhos, Catarina andava,
andava e procurava sempre andar mais.
Catarina era a criança viva de passagem por parques, ruas e escolas.
Catarina tinha olhos de ver o mundo de criança.
Catarina vivia o que via, e sentia que vivia
Catarina aprendera a verdade poética
Catarina via o silêncio entre as palavras
Catarina sabia dos, olhos os olhos que viam Catarina
Catarina conhecia a verdade poética
A verdade dos gestos tímidos a grandeza do olhar perdido
Catarina não sabia,
Mas via do mundo
mais que a estética que o mundo dá
Catarina não sabia da beleza das coisas
Catarina sabia da beleza, a destreza que se deve dar
Sabia que de tudo o que via, via mais
Catarina andava e andava
Andava entre as flores,
Mas ,das flores, nada queria
A verdade poética de Catarina
Era a mão que plantava
A vontade do olhar e o presente da amante
Catarina
andava por homens e carros
Na visão da menina,
famílias, lutas e amores
Catarina
não tinha a cidade parada dos prédios
Catarina queria o suor do trabalho, o lar e as marcas
(Quando marcas, deixadas eram)
Do operário, as lutas das massas
O uniforme e a alegria da chegada em casa.
Catarina
não via homens nem mulheres,
Catarina
tinha nas costas o caminho
caminho de quem andava a ver
Catarina cresceu
Descobriu a palavra
A palavra poiese
A palavra, de sua verdade.
quarta-feira, 29 de junho de 2011
Concreto formal e vísceras
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Mudanças
sexta-feira, 17 de junho de 2011
domingo, 12 de junho de 2011
As casas.
sábado, 11 de junho de 2011
O Sonho
domingo, 15 de maio de 2011
Quem tem medo dos humoristas?
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Sobre a música João do Amor Divino - Gonzaguinha
Esta música está naquele que, para mim, é o melhor disco deste poeta genial que, como poucos, soube representar nosso povo em sua relação com a história.
Gonzaguinha, em sua arte, não descrevia a história ou contava fatos em versos. Tal qual um simbolista ele captava a essência daquilo que ia representar e criava as imagens que descreveriam aquilo que pensava sobre determinada situação. Seu realismo não se torna anacrônico nem,tão pouco, um retrato de época porque ele falava dos sentidos e sentimentos possíveis do homem frente ao seu momento histórico. E isso não tem começo nem fim é humano e pronto.
Nesta música, em especial, o elemento poético e seu propósito estão na forma em que, ao mesmo tempo, em que seu personagem é apresentado, vai criando as imagens e apresentando em simples versos questões que renderiam horas de debate. Neste caso, esta ideia fica flagrante quando a
chepa da feira não chega a estarrecer, as filas e a relação com a comodidade proposta pela ideia da proteção (ou recompensa) divina.
Seu “bilhete mal escrito”, também não é uma simples oração a ser musicada. Bem como, o verso “ele se mexeu” que aparece isolado tanto na letra impressa como na música a fim de dar o toque mágico do enredo.
Enredo este, que guarda para o final uma maravilhosa surpresa quase fantasiosa onde o homem se levanta depois de ter sua tragédia pessoal servido de entretenimento para os indiferentes transeuntes
(isso também geraria horas de discussões).
O fato de ele se levantar em oposição à opção natural que seria sua morte é o elemento poético que dá sentido à proposta do artista de representar o ciclo trágico de miséria e sobrevivência do trabalhador brasileiro que é obrigado a se valer de toda a sorte de “malabarismos sociais” chegando ao extremo máximo que neste caso é tirar vantagem do desesperado suicídio para garantir sua sobrevivência (esta é uma contradição que valeria toda atenção deste espaço).
A música não conta com as belas melodias que marcaram a obra de Gonzaguinha. Entretanto, vale ressaltar que as melodias de suas músicas acompanham, em sua maioria, o sentimento pertinente ao que apresenta a letra e o enredo que por sua vez alterna momentos mais tensos e mais suaves ao sabor da ideia apresentada.
Esta não é uma das músicas mais consagradas do artista, mas é uma das mais emblemáticas para a compreensão da proposta estética e Gonzaguinha e a relações sociais tão marcantes neste conturbado período político e social de nosso país.
Para ouvir esta e outras músicas clique aqui
João do Amor Divino
Gonzaguinha
Composição : Luiz Gonzaga Jr.19 anos, trapos juntos, com a mesma rapariga
9 bocas de criança para encher de comida
Mais de mil pingentes na família para dar guarida
Muita noite sem dormir na fila do INPS
Todo dia um palhaço dizendo que Deus dos pobres nunca esquece
E um bilhete mal escrito
Que causou um certo interesse
João do Amor Divino de Santana e Jesus
Já carreguei, num guento mais,
O peso dessa minha cruz
Sentado lá no alto do edifício
Ele lembrou do seu menor
Chorou e, mesmo assim, achou que
O suicídio ainda era o melhor
Exigia e cobrava a sua decisão
Saltou sem se benzer por entre aplausos e emoção
Desceu os 7 andares num silêncio de quem já morreu
Bateu no calçadão e de repente
Ele se mexeu
João se levantou e recolheu a grana que a platéia deu
"Pula e morre, seu otário"
Pois como tantos outros brasileiros
É profissional de suicídio
E defende muito bem o seu salário
Do álbum: Gonzaguinha da Vida (1979) - EMI/ Odeon.