domingo, 10 de julho de 2011

O quadro

- O que pintas?
- Um quadro para a posteridade.
- O que é?
- Não sei. Acho que estou pintando algo que quero muito.
-Como podes não saber o que pintas se tão seguros e precisos são teus traços? Se chegares então a alguma forma, e se isso for o que desejas? Teu desejo será então póstumo à tua vontade de querer isso. Tirando, assim, o sentido de tua vontade.
-Então, deixo aqui estes traços que ainda são abstratos, e chamo meu quadro de vontade, pois será póstumo como convém, agora, que seja; sendo presente por ser o querer que tenho, torna-se, assim, a vontade de querer. Depois, penso no querer que quero.

Um comentário:

Marcio Allemand disse...

Ih, rapaz... de novo me reconheço por aqui! Abs!